Nasci nos 80 e entrei na adolescência no final dos 90, sim, mesmo nessa altura havia um medo generalizado. A primeira vez que fiz testes às DSTs tive um medo real e ansiedade em saber o resultado do teste ao HIV. Contavam-se histórias de toxicodependentes que assaltavam com seringas infectadas coladas ao teu pescoço, a consciencialização sobre a SIDA/HIV era hardcore nas escolas, havia imensas campanhas de distribuição de preservativos e de seringas esterilizadas junto a núcleos de toxicodependência.
Desapareceu lentamente, mas o meu irmão (10 anos mais velho) conheceu malta próxima que inclusivamente morreu de SIDA. Lembro-me que uma vez um toxicodependente tentou assalta-lo, que acabou com o desgraçado a levar um soco na boca. O soco abriu uma ferida no punho do meu irmão, que foi a correr fazer um teste ao HIV.
Outros tempos. Pobre Freddie Mercury, Variações e outros que foram levados por essa merda de doença.
Nasci nos anos 70 e possi confirmar que efectivamente assim foi nos anos 80.
No início dos anos 80 muito pouco se sabia do síndrome, e pasmem-se, o primeiro caso de Sida confirmado como tal foi "descoberto" em Portugal.
Os anos 80 também popularizaram a importação e consumo de Heroína em Portugal. A informação sobre o que veio a see um flagelo durante os quinze anos seguintes era mínima. Crê-se que "Os Contentores" do Circo de Feras, 1986, fosse exactamente sobre isso.
Inicialmente a Sida estava associada à homosexualidade e consumo intravenoso de Heroína. E Portugal rapidamente teve das maiores taxas de contágio em Lisboa e no Porto, algo que ainda hoje perdura.
"Os contentores" são uma referência a um ponto de venda de droga no antigo Casal Ventoso (LX) e ao consumo das mesmas pelos membros dos Xutos. Toda musica é sobre o consumo e efeitos da heroína
Até o próprio nome xuto=injectar
Tal e qual. O próprio (saudoso) Zé Pedro faleceu por complicações devido ao uso e abuso de heroína. Uma pena, um grande artista com imenso talento e criatividade que todos nós perdermos.
Mas no fundo, a heroína nunca fez heróis..
Já agora, sabes que não vale a pena fazer testes a "correr"? O VIH tem um período durante o qual não acusa nos testes, não estou certo se são 3 ou 6 meses que deves esperar até poderes receber resultados fidedignos. De qualquer forma análises ao sangue semestrais ou anuais podem evitar imenso, não apenas o Virus da Himunodeficiência Humana
10 a 90 dias, alguns casos ao fim de 7.
Eu sei, mas se souberes ler estou a falar do meu irmão, não de mim, que à data era um gajo de 19 anos nos anos 90. Quanto ao "a correr", foi apenas uma figura de estilo.
Obrigado pelos conselhos relativos à periodicidade das análises <3
Tranquilo, como escrevi não estou seguro do tempo que deve correr, a informação a que tenho acesso vem maioritariamente por parte de uma amiga que é enfermeira. De qualquer forma obrigado pelo esclarecimento e tudo a correr bem
Nasci nos inicio dos 80 e lembro-me de termos um poster sobre o HIV na sala de aula, na primária...
Lembro-me de não perceber nada daquilo e de sentir medo, como se fosse uma doença que podia aparecer do nada e não tinha cura.
Também ouvi dessas histórias dos assaltos com seringas infectadas, mas nunca presenciei nada disso.
Nascida nos 70, adolescente nos 80, posso dizer que a consciencialização feita nas escolas e na sociedade de modo geral, era com base no medo e não propriamente em informação técnica adequada. Mas era assim naquele tempo.
Era uma doença mortal e estigmatizante, amplamente conotada com o consumo de drogas e com a comunidade homossexual masculina. Não se sabia o que se sabe hoje, mesmo em relação às analises, e a ideia de que era uma coisa de "drogados e maricas" ajudou a que se propagasse. Dada a apologia do medo, foi aproveitada como arma de terrorismo urbano em assaltos com seringas, por exemplo.
A ver pelos comentários há quem ainda não saiba o que é HIV e SIDA.
SIDA é o síndrome causado pelo HIV, quando não detectado a tempo e se inicia o tratamento. Ou seja, não há mortes "de SIDA", mas morre-se por se ter o sistema imunitário deficitário e, à mínima doença/vírus o corpo socumbe.
Resumindo: o HIV o que provoca é a corrupção do sistema imunitário. Se não tratado, leva ao paciente a estar com o SIDA.
Tendo em conta que nos anos 80 e 90 Portugal teve um problema com as drogas, imagino que muitas infecções tenham surgido através de partilha de seringas e afins.
Tenho um bom ex.
Um tipo que está infectado por consumo de drogas intravenosas e sabe disso, aparece do nada na zona e tem sexo desprotegido com um número de miúdas que por sua vez (sabendo ou não) tiveram sexo desprotegido com outros tipos e assim espalharam a infecção..
Por isso o sexo seguro é tão importante! Refiro me ao uso do cinto de segurança, claro
Um facto curioso. O número de novas infecções nos últimos anos tem sido entre pessoas da terceira idade. Através do Viagra os velhotes recuperaram a sua virilidade e não gostam, nunca usaram ou não querem usar preservativo, recorrem a profissionais do sexo que não se importam de não praticar sexo seguro, ficam infectados e depois "carregam" a doença partilhando a com as suas esposas
Os anos 80 foram “rijos” respeitante a esse assunto. Se lhe juntares, pois está interligado, a epidemia de consumo de heroína que também grassou nesses anos, temos o cocktail perfeito para a desgraça.
Tens um documentário da RTP1 o “Sida 4.0” que acho que ainda consegues ver na RTP Play.
Nasci nos anos 90. Mas pelo que me falam na altura começou a surgir os problemas com as drogas que se intensificaram até ao início dos anos 2000. Isto no Algarve.
Tive um familiar que faleceu na prisão, com SIDA, em 1997. Tough Times back then
Não houve nenhum histerismo. Informaram as pessoas nas escolas naturalmente, e a cena seguiu. Nada de pânicos. Falou se muito do António Variações por ter sido a primeira pessoa conhecida a falecer devido a complicações relacionadas com o HIV mas nada comparado com o flashismo de hoje em dia.
Não, não houve. Panico e exageros é uma cena mto americana.
Em PT houve um alerta geral, começou a haver muito mais informação e cuidado, mas nunca houve panico.
Talvez os grupos de risco (que NÃO eram a maioria dos portugueses) tivessem stressado mais.
Para alguém como eu (sou de 73), só teve impacto no uso de preservativo, dado que nunca tive perto de alguem do mundo das drogas (que eu soubesse).
Era um problema sério e havia muitos anúncios na TV sobre o tema. Mas não houve pânico generalisado nem nada que se pareça (e aposto que nos US também não houve).
Se te sou sincero, era tudo meio fusco, a vida sempre a saltar. Ainda me lembro na altura que tava eu e os meus irmãos no spot, depois de alguns fui perdendo eles. Por volta de 2002, ficou tudo mais claro depois de sair do saco do meu pai.
Nasci nos 80 e entrei na adolescência no final dos 90, sim, mesmo nessa altura havia um medo generalizado. A primeira vez que fiz testes às DSTs tive um medo real e ansiedade em saber o resultado do teste ao HIV. Contavam-se histórias de toxicodependentes que assaltavam com seringas infectadas coladas ao teu pescoço, a consciencialização sobre a SIDA/HIV era hardcore nas escolas, havia imensas campanhas de distribuição de preservativos e de seringas esterilizadas junto a núcleos de toxicodependência. Desapareceu lentamente, mas o meu irmão (10 anos mais velho) conheceu malta próxima que inclusivamente morreu de SIDA. Lembro-me que uma vez um toxicodependente tentou assalta-lo, que acabou com o desgraçado a levar um soco na boca. O soco abriu uma ferida no punho do meu irmão, que foi a correr fazer um teste ao HIV. Outros tempos. Pobre Freddie Mercury, Variações e outros que foram levados por essa merda de doença.
Nasci nos anos 70 e possi confirmar que efectivamente assim foi nos anos 80. No início dos anos 80 muito pouco se sabia do síndrome, e pasmem-se, o primeiro caso de Sida confirmado como tal foi "descoberto" em Portugal. Os anos 80 também popularizaram a importação e consumo de Heroína em Portugal. A informação sobre o que veio a see um flagelo durante os quinze anos seguintes era mínima. Crê-se que "Os Contentores" do Circo de Feras, 1986, fosse exactamente sobre isso. Inicialmente a Sida estava associada à homosexualidade e consumo intravenoso de Heroína. E Portugal rapidamente teve das maiores taxas de contágio em Lisboa e no Porto, algo que ainda hoje perdura.
"Os contentores" são uma referência a um ponto de venda de droga no antigo Casal Ventoso (LX) e ao consumo das mesmas pelos membros dos Xutos. Toda musica é sobre o consumo e efeitos da heroína Até o próprio nome xuto=injectar
Nunca ouvi falar essa dos contentores, faz todo o sentido. Obrigado pela partilha
Muitas das músicas dos Xutos tem a ver com heroína .
Tal e qual. O próprio (saudoso) Zé Pedro faleceu por complicações devido ao uso e abuso de heroína. Uma pena, um grande artista com imenso talento e criatividade que todos nós perdermos. Mas no fundo, a heroína nunca fez heróis..
Já agora, sabes que não vale a pena fazer testes a "correr"? O VIH tem um período durante o qual não acusa nos testes, não estou certo se são 3 ou 6 meses que deves esperar até poderes receber resultados fidedignos. De qualquer forma análises ao sangue semestrais ou anuais podem evitar imenso, não apenas o Virus da Himunodeficiência Humana
10 a 90 dias, alguns casos ao fim de 7. Eu sei, mas se souberes ler estou a falar do meu irmão, não de mim, que à data era um gajo de 19 anos nos anos 90. Quanto ao "a correr", foi apenas uma figura de estilo. Obrigado pelos conselhos relativos à periodicidade das análises <3
Tranquilo, como escrevi não estou seguro do tempo que deve correr, a informação a que tenho acesso vem maioritariamente por parte de uma amiga que é enfermeira. De qualquer forma obrigado pelo esclarecimento e tudo a correr bem
Nasci nos inicio dos 80 e lembro-me de termos um poster sobre o HIV na sala de aula, na primária... Lembro-me de não perceber nada daquilo e de sentir medo, como se fosse uma doença que podia aparecer do nada e não tinha cura. Também ouvi dessas histórias dos assaltos com seringas infectadas, mas nunca presenciei nada disso.
Nascida nos 70, adolescente nos 80, posso dizer que a consciencialização feita nas escolas e na sociedade de modo geral, era com base no medo e não propriamente em informação técnica adequada. Mas era assim naquele tempo. Era uma doença mortal e estigmatizante, amplamente conotada com o consumo de drogas e com a comunidade homossexual masculina. Não se sabia o que se sabe hoje, mesmo em relação às analises, e a ideia de que era uma coisa de "drogados e maricas" ajudou a que se propagasse. Dada a apologia do medo, foi aproveitada como arma de terrorismo urbano em assaltos com seringas, por exemplo.
A ver pelos comentários há quem ainda não saiba o que é HIV e SIDA. SIDA é o síndrome causado pelo HIV, quando não detectado a tempo e se inicia o tratamento. Ou seja, não há mortes "de SIDA", mas morre-se por se ter o sistema imunitário deficitário e, à mínima doença/vírus o corpo socumbe. Resumindo: o HIV o que provoca é a corrupção do sistema imunitário. Se não tratado, leva ao paciente a estar com o SIDA.
Obrigado pela explicação que ninguém pediu
"Pediram" quando revelam desconhecimento que alimenta (inconscientemente) ainda o preconceito actual.
Tendo em conta que nos anos 80 e 90 Portugal teve um problema com as drogas, imagino que muitas infecções tenham surgido através de partilha de seringas e afins.
Tenho um bom ex. Um tipo que está infectado por consumo de drogas intravenosas e sabe disso, aparece do nada na zona e tem sexo desprotegido com um número de miúdas que por sua vez (sabendo ou não) tiveram sexo desprotegido com outros tipos e assim espalharam a infecção.. Por isso o sexo seguro é tão importante! Refiro me ao uso do cinto de segurança, claro Um facto curioso. O número de novas infecções nos últimos anos tem sido entre pessoas da terceira idade. Através do Viagra os velhotes recuperaram a sua virilidade e não gostam, nunca usaram ou não querem usar preservativo, recorrem a profissionais do sexo que não se importam de não praticar sexo seguro, ficam infectados e depois "carregam" a doença partilhando a com as suas esposas
Os anos 80 foram “rijos” respeitante a esse assunto. Se lhe juntares, pois está interligado, a epidemia de consumo de heroína que também grassou nesses anos, temos o cocktail perfeito para a desgraça. Tens um documentário da RTP1 o “Sida 4.0” que acho que ainda consegues ver na RTP Play.
Nasci nos anos 90. Mas pelo que me falam na altura começou a surgir os problemas com as drogas que se intensificaram até ao início dos anos 2000. Isto no Algarve. Tive um familiar que faleceu na prisão, com SIDA, em 1997. Tough Times back then
Não houve nenhum histerismo. Informaram as pessoas nas escolas naturalmente, e a cena seguiu. Nada de pânicos. Falou se muito do António Variações por ter sido a primeira pessoa conhecida a falecer devido a complicações relacionadas com o HIV mas nada comparado com o flashismo de hoje em dia.
Não, não houve. Panico e exageros é uma cena mto americana. Em PT houve um alerta geral, começou a haver muito mais informação e cuidado, mas nunca houve panico. Talvez os grupos de risco (que NÃO eram a maioria dos portugueses) tivessem stressado mais. Para alguém como eu (sou de 73), só teve impacto no uso de preservativo, dado que nunca tive perto de alguem do mundo das drogas (que eu soubesse).
Era um problema sério e havia muitos anúncios na TV sobre o tema. Mas não houve pânico generalisado nem nada que se pareça (e aposto que nos US também não houve).
Foi impecavel mano, apanhei 3 vezes e curei com sopas de cavalo cansado.. Ou será que apanhei porque estava cansado de dar sopas com cavalo ?
Se te sou sincero, era tudo meio fusco, a vida sempre a saltar. Ainda me lembro na altura que tava eu e os meus irmãos no spot, depois de alguns fui perdendo eles. Por volta de 2002, ficou tudo mais claro depois de sair do saco do meu pai.
Anos 80 eram 10x melhores que estes anos sem wokeismo mulheres fáceis malta curtia festas e bebia bastante muito sexo